domingo, 1 de fevereiro de 2009

Educação Formal e não Formal


Educação Formal e não Formal
Dentro do contexto da sociedade Israelense

Jayme Fucs-Bar - 1994


Conceito de Educação

A educação no sentido amplo é sinônimo de socialização do indivíduo, educação compreende todos aqueles processos institucionalizados ou não que visam transmitir determinados conhecimentos e padrões de comportamento a fim de garantir a continuidade da cultura e normas da sociedade.
Educação Formal

OBJETIVO:
A educação formal tem objetivos claros e específicos .Seus objetivos são de socializar o indivíduo dentro das normas da sociedade. A escola / a universidade geralmente simbolizam a educação formal.

A ESTRUTURA:
A escola como órgão depende de uma linha educacional centralizada como o currículo, esta linha é determinada a nível nacional, sendo que esses organismos são fiscalizados pelo ministério da educação, sua estrutura é hierárquica burocrática.

A ADMINISTRAÇÃO:
A parte administrativa é organizada por coordenadores que não trabalham como professores ; professores que têm como aspiração ascender a cargos mais altos geralmente tende a abandonar o ensino. A divisão de trabalho é por funções determinadas.

AS NORMAS:
A escola se divide em pequenas frações, baseadas na idade cronológica onde se formam as classes ; as classes estão condicionadas a normas de comportamentos próprios como: horário, conduta, cadeiras específicas para cada aluno, etc. A educação neste sentido tem exigências claras como competição e aquisição que fazem parte do dinamismo escolar, a educação tem que provar por meio de exames o que o aluno aprendeu, ele é avaliado por notas ou conceitos, com punições para aqueles que não têm uma boa avaliação, punições como repetir de ano, provas nas férias e em alguns casos abandono do colégio.

A LEI DO ENSINO:
A educação nesse caso não é uma escolha pessoal voluntária, o educado não participa das atividades escolares por determinação própria. Esse tipo de educação é obrigatória por lei, ela é não só de responsabilidade da família como também da sociedade, a lei do ensino obrigatório em Israel vai até os 16 anos. Os estudantes estão no colégio como serviço obrigatório sendo que os organismos como Vaada ( comissão das famílias ) vêm a fiscalizar a existência de abuso de poder.
AQUISIÇÃO SOCIAL:
Nos colégios os professores tendem a preferir os alunos com capacidade de aquisição no ensino mais alto, de certa maneira o colégio define a categoria social de cada aluno fazendo-os passar por exames de seleção, transformando o colégio em estandarte rígido e racionalizado não igualitário.

O PROFISSIONAL:
Na educação se vê um fenômeno de ter em grande parte a presença da mulher como profissional de educação, a profissão de professora dá condições de manter as atividades normais na família. O interessante é que na parte administrativa da educação a tendência é mais masculina.
A relação profissional e a aquisição de melhores condições de trabalho está baseada em tempo de serviço e não na capacidade profissional, esse sistema faz com que os professores mais antigos sejam mais conservadores nas exigências da classe profissional.

DETERMINAÇÃO IDEOLÓGICA:
Em Israel e em quase toda a parte do Mundo Ocidental é muito difícil manter colégios particulares sem a ajuda econômica do estado. A educação é quase que um monopólio do estado e quase sempre é ela que vai definir a linha ideológica da educação do país.



Educação não Formal

OBJETIVO:
Na educação não formal os objetivos também estão ligados na socialização do indivíduo dentro da sociedade, ele se diferencia no meio e na forma que aplicam os seus objetivos. Atuam de forma difusa, menos hierárquica e burocrática. três exemplos: Movimento Juvenil, Centros Culturais, Centros comunitários.

A ESTRUTURA:
A educação não formal está sempre a procurar o equilíbrio entre a anarquia e a ordem, na qual suas atividades podem ampliar não só os pequenos grupos como também a toda a comunidade sem determinação de idades. Muitas vezes as instituições não formais exigem uma estrutura interna muito bem organizada principalmente por trabalhar com atividades variadas e com diferente tipos de publico.

ATIVIDADES:
Suas atividades geralmente são voluntárias, muitas vazes paga pelos seus participantes, elas têm ideologia de ação própria com objetivos específicos. e esta aberta a todas as faixas etárias. Seu campo de ação é muito variado: passeios, estudos de grupo, teatro, artes, esporte, lazer, acampamentos, jogos etc...

A ESTRUTURA:
A educação não formal como órgão não tem uma centralização unificada institucionalizada que determina currículos e a fiscaliza. Elas são de certa forma autônomas e procuram não se deixar monopolizar por grupos institucionais. Elas geralmente se identificam com suas comunidades de origem, que tenha afinições culturais ou ideológicas.

AUTONOMIA ECONÔMICA:
O ministério da educação em Israel financia parte das atividades da educação não Formal, porém ela não é suficiente, as instituições tendem a criar formas de renda própria, criando capacitações de recursos, evitando a dependência econômica do estado. As instituições não formais trabalham muito, criando projetos específicos de educação, como prestadoras de serviços, esses projetos são aprovados e financiados por fundos particulares ou governamentais, tende hoje em Israel a se trabalhar ou distribuir verbas para educação em função de projetos, e não mais verbas para manutenção.

O PROFISSIONAL:
Fora o seu cargo específico, o profissional pode ter outras funções, podendo alcançar cargos de administração e direção do órgão. Na estrutura do trabalho o tempo e o horário das atividades são de forma geral não determinadas, podendo o profissional trabalhar tanto de dia como de noite, o seu trabalho exige muita sensibilidade social, estando sempre condicionado a conviver com pressões políticas, problemas comunitários, problemas sociais...
Em Israel Educação não Formal e profissão reconhecida, exige quatro anos de estudos universitários.

Educação Formal e não Formal

EXISTEM DOIS TIPOS DE EDUCAÇÃO ?
Não existe nesses dois tipos de modelos duas educações diferentes, existe uma só educação na qual o objetivo geral é a socialização do indivíduo.
Os dois modelos não só vêm a compensar um ao outro como também ampliar o campo de aprendizagem.

A QUEM CABE A RESPONSABILIDADE NA EDUCAÇÃO?
Tanto o colégio como os centros comunitários ou os variados órgãos existentes, têm uma forma única de reafirmar a responsabilidade da sociedade na educação dos seus indivíduos. Sem dúvida nenhuma a ampliação e o fortalecimento da educação está ligado diretamente a verbas qualificadas. O perigo da educação de se formar elitista é muito grande, e a forma de garantir que todas as camadas da sociedade possam participar desse processo amplo de educação como uma prioridade nacional.

EXEMPLO ISRAELENSE DE ATUAÇÃO CONJUNTA: COLÉGIO SAFIT- KFAR MENACHEM
Safit é um colégio secundário, onde a maioria de seus alunos são de Kibutzim e Moshavim e olim de Kiriat Malachi. O colégio Safit está dividido em duas formas de atividades como colégio obrigatório que funciona no turno da manhã e colégio interno voluntário no turno da tarde e noite.

AS NORMAS:
O colégio obrigatório está baseado nas normas do ensino nacional, sendo fiscalizado pelo ministério da educação. Seus objetivos visam a competição e aquisição da Bagrut ( vestibular ), tendo atividades de profissionalização para educados que não conseguem acompanhar o ritmo das exigências.

O ENSINO:
O colégio usa de vários meios para ampliar a qualidade de seu ensino como biblioteca, sala de leitura, educação especial, orientadora educacional, orientador para cada turma... Os alunos têm obrigações, deveres e direitos claros e específicos, o colégio obrigatório é dirigido por uma diretoria de ensino.

A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL DENTRO DO COLÉGIO:
Na parte da tarde o colégio se torna voluntário, com atividades difusas amplas não obrigatórias.Em Safit o colégio voluntário funciona 3 vezes por semana e as atividades existentes são: cursos, música, esporte, atividades culturais, trabalhos na estufa, passeios, atualidades e etc. As atividades são organizadas pelos educados junto com os orientadores e coordenada por um coordenador da educação.

OBJETIVOS UNIFICADOS:
Os objetivos são de criar uma comunidade juvenil onde os jovens assumam de certa maneira a responsabilidade da comunidade, como na participação das vaadot(equipe) de trabalho de manutenção como limpeza, jardinagem, organização de atividades e etc.
Os dois modelos se compensam entre si e estão dentro de uma visão educacional única, vindo inclusive a atender as novas necessidades do Movimento Kibutziano.

A RELAÇÃO ENTRE OS DOIS MODELOS:
Esses dois modelos procuram constantemente manter a harmonia e o equilíbrio, pois a tensão faz parte do seu dinamismo. Em Safit o conflito e a tensão existentes ocorre principalmente nas turmas de pré vestibular e vestibular, que de um lado precisam usar a energia para as provas e do outro liderar a comunidade juvenil.


RELAÇÃO PROFISSIONAL:
Na dinâmica do colégio se vê a clara posição entre os professores que exigem e dão como prioridade os estudos e do coordenador do centro comunitário que dá prioridade as atividades sociais. A função da diretoria nesse caso é de suma importância, é ela que vai manter o equilíbrio necessário nos casos de conflito.
A discussão é algo inevitável e é ela que cada vez mais ajuda a aprimorar os dois modelos num mesmo campo de ação.

Texto de Jayme Fucs-Bar
Kibutz Nachshon 1994

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Judaismo e a Globalização

O Judaismo e a Globalização e suas novas Tendências

Jayme Fucs-Bar Jerusalem 7 de Fevereiro 2008


"Não só somos povo, terra , Diáspora, religião, cultura ou filosofia, somos um pouco de tudo ,pois somos uma Civilização". Acho essa visão do Modechay Kaplan brilhante e atual nesse novo momento, onde o judaísmo está sendo absorvido por uma nova revolução de valores que é a globalização, exatamente como fomos absorvido pela revolução francesa , o iluminismo e a revolução bolchevista nos últimos 200 anos. No Conceito clássico do judaísmo Moderno das “Eras das Revoluções” tínhamos definições ideológicas ,"claras" como ser sionista, ou anti sionistas ,bundistas, Troskistas,liberais ,direita ou esquerda. Com a Globalização o judaísmo pós moderno nos deu a possibilidade de ser um pouco de tudo,somos um judaísmo individualizado,onde se legitima ser sionista na diaspora e de ser comunidade em Israel,de freqüentar o Beit Lubavith no shabat, fazer o barmitzva com o rabino conservador ,converter a esposa ou o marido na sinagoga reformista, incentivar os filhos a participar de um movimento juvenil de esquerda,apoiando ardente a politica dos partidos de direita em Israel . Isso tudo se torna uma grande coerência neste judaísmo individualizado. Pertencer a tudo ao mesmo tempo não ter compromisso com nada. O judaísmo virou um grande Shopping Center neste novo século , onde o "cliente" ( o Judeu), escolhe o judaísmo como se fosse um produto de mercado. Ser judeu no mundo global é algo pessoal , individual não mais te exige a pertencer a um “clube ideológico” ou vestir uma só camisa ou ter uma só bandeira, O judeu no mundo global é um Judeu "camaleão" , sendo legitimo ter varias identidades judaica conforme o momento , a situação e o gosto pessoal..

Esse Espaço Aberto sem fronteiras criado pela globalização levará a transformação do mundo judaico e do estado de Israel. Ele abrirá novos caminhos , permitirá criar novos marcos de Judaísmo, novas correntes, novas sinagogas ,novos modelos de vida comunitária e sobretudo criará uma nova visão de relações entre comunidade e o estado de israel. Esse judaísmo pós Moderno já é parte de uma rede planetária , onde cada um pode manter uma relação virtual imediata com o mundo judaico , criando inclusive sua própia comunidade judaica virtual, que produz para si cultura, valores e conhecimento.



A revolução Global levará ao mundo judaico à procurar uma nova redefinição de suas identidades, será um novo reinventar do judaísmo, uma nova relação com Israel, já sentido fortemente nas novas manifestações , e nas tendência de comportamento das comunidades. Uma dessas tendências está na revisão da centralidade de israel, que para muitos desses judeus o Movimento sionista cumpriu o seu papel na história, e Israel se tornando mais um importante centro judaico no mundo e não mais o único. Para a esquerda judaica, Israel foi uma necessidade histórica do passado ,que não conseguiu cumprir o seu papel moral e ético com a questão palestina, deixando à desejar de ser para o mundo um “ Or la Goim” A Luz a humanidade . Para a direita fundamentalista e ultra nacionalista, o judaísmo e Israel são fruto de uma visão messiânica, são contrario a qualquer tendência de mudança que possa ameaçar sua visão messiânica, onde acreditam que para alcançar seus objetivos deverão usar todos os seus recursos, e essa postura já teve sua pratica no assassinato de Yzzak Rabin, e as ameaças que sofreu o ex. primeiro ministro Ariel Sharon.


Para os grupos Ortodoxo não sionista , o estado judeu foi um desastre da sua experiência laica, esses grupos usam o termo “Israel é o Lugar de Goim que falam Hebraico” essa mesma tendência nega Israel como um “Centro judaico Moderno” , Israel é para esses grupos um Centro Espiritual Bíblico. E finalmente a postura mais popular nos dias de hoje entre os grupos dos judeus das comunidades , é de um lado um forte apoio a existência do estado judeu “como um refugio pessoal para a sua existência em caso de momentos difíceis” e do outro lado se relacionam com Israel como uma antítese de sua própia missão criadora de “ garantir a existência e a segurança física para os judeus”, considerando Israel o lugar mais inseguro no mundo para se viver como judeu, porem “um bunquer necessário”. A Globalização criou e continuará criando novas perspectivas e avanços para o mundo e a vida judaica ,porém estará criando profundos abismos e paradoxos para a humanidade, sua tecnologia e economia global estará promovendo novos ricos, mas estará deixando um grande rastro de nova pobreza , marcado principalmente na classe media judaica, cada vez mais empobrecida, e em conseqüência ocorre o surgimento de um novo êxodo judaico, não mas para Israel e sim para novos centros judaicos como Alemanha,Espanha,Panama e Canada .

Nesta revolução Global o Judaismo,estará tomando um novo rumo, terá uma nova cara e criará novas tendências e manifestações . Sem sentir, estamos vivendo um ato da história da humanidade ,estamos no meio das barricas da Revolução global, onde os sons dos canhões e dos fuzis são diferente do se escutou nas revoluções anteriores . Nas ruas,nas escolas,nas casas e em toda sociedade se soa um Grito um único grito regido por 3 mandamentos básicos “ Individualismo, competição e o consumismo”,sendo à sua bandeira não mais o estado nacional e sim todo o planeta terra. Estamos neste momento vivendo em plena revolução global, já sentida suas transformações econômicas e sociais em todo o planeta. Como Judeus neste planeta ainda desgovernado , não temos que temer à procura de novas respostas ,devemos fazer novas perguntas , devemos procurando novas soluções criativas, exatamente como fizemos no passado de nossa história. Qual será essas novas tendências desse novo judaísmo? Como essa nova Revolução irá influenciar no Perfil do Estado de Israel? Como estará organizada as comunidades judaica num judaísmo sem fronteiras? Como manter a solidariedade judaica e o voluntarismo e a vida comunitaria,num mundo onde o seu significado não deixa de ser uma grande conquista individual? Como organizar e proteger essa civilização judaica num mundo que caminha para um grande conflito entre civilizações?

A Globalização nos levará a um novo conceito o da Civilização mundial. Nós judeus temos que saber como enfrentar esses grandes obstáculos neste próximo século, entre tantos e outros que já enfrentamentos, estará a necessidade de uma definição de um novo conceito o da “ Civilização judaica”. Neste processo o filosofo e sociólogo judeu Edgar Morin nos da uma pequena dica, numa definição brilhante de como chegar a essa civilização . “ Para chegarmos à civilização mundial, seria preciso que fossem conquistados grandes progressos do espírito humano, não tanto de suas capacidades técnicas e matemáticas, não apenas no conhecimento das complexidades, mas em sua interioridade psíquica” .

Jayme Fucs – Bar